Loures celebrou Abril com homenagem a antigos autarcas

A Câmara Municipal de Loures (CML) assinalou, esta quinta-feira, dia 25 de abril, os 50 anos da Revolução dos Cravos com a tradicional sessão solene que teve lugar no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte. A cerimónia contou ainda com os habituais discursos dos eleitos na Assembleia Municipal de Loures, e ainda com a inauguração de exposição e homenagem aos antigos presidentes daquele órgão.

Para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, a Câmara Municipal de Loures (CML) homenageou, esta quinta-feira, todos os presidentes da Assembleia Municipal de Loures, através de uma exposição que está patente no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte até 18 de maio. Igualmente, e durante a habitual sessão solene comemorativa dos 50 anos da revolução, os mesmos autarcas foram ainda homenageados pela Assembleia Municipal de Loures. Os distinguidos foram António Menezes Rodrigues, Fernando Fontinha (título póstumo), Manuel Veiga, Maria José Carvalho, Maria de Lurdes Rebelo, Maria Irene Veloso, Fernando Santos e Ricardo Leão.

Esta cerimónia evocativa dos 50 anos do 25 de abril iniciou-se com atuações das bandas filarmónicas dos Bombeiros do Zambujal e de Loures, bem como com um momento cultural protagonizado pelo grupo ‘Á Priori’. De seguida, iniciaram-se as tradicionais intervenções dos eleitos de todos os partidos representados na Assembleia Municipal de Loures. Susana Amador, presidente deste órgão, referiu que “todos estes partidos representam a essência da Assembleia Municipal”, um organismo que foi criado após a revolução e que representa o órgão deliberativo e escrutinador da atividade do munícipio.

25 de Abril trouxe a igualdade

O deputado municipal salientou ainda que “a Liberdade prevalecerá sempre e que a esperança vencerá”. “É importante fortalecer a democracia e reafirmar os valores liberais”, concluiu. Por outro lado, Rita Sarrico, deputada municipal do Bloco de Esquerda, lembrou a importância da revolução para que “hoje, pudesse estar aqui”. “O 25 de Abril foi a semente para uma sociedade justa e igualitária. Cresci pobre e vi a minha mãe a ficar desempregada”, lembrou a eleita, reforçando assim que, “só pude estudar e ter acesso a cuidados de saúde” porque estes foram direitos conquistados há 50 anos.

Melhorar acesso á habitação e à saúde

“Em Loures, tive a oportunidade de assistir a várias desigualdades”, prosseguiu a deputada municipal, dando como exemplo as populações desfavorecidas que ainda habitam em barracas ou em habitações indignas. Aqui, recordou os moradores de um bairro ilegal no Zambujal, cujas habitações foram demolidas na passada semana.

“Na semana passada, houve um conjunto de pessoas que veio a este edifício reivindicar por melhor habitação, porque foram postas na rua”, criticou Rita Sarrico, lembrando que estes cidadãos estavam a lutar por um direito fundamental, o de “acesso à habitação”. “Temos que ignorar as vozes bafientas que atacam quem procura, no nosso país, uma vida melhor”, disse ainda, sublinhando que “o crime que mais cresce em Portugal é a violência contra as mulheres”, negando assim as acusações de que a imigração é um dos principais fatores do aumento da criminalidade em Portugal.

Patrícia Almeida, eleita pelo Chega, começou a sua intervenção a recordar “a transformação profunda” que a Revolução trouxe ao país. “Foi o início de um processo que nos permitiu ter uma base sólida e duradoura”, prosseguiu a deputada municipal, reforçando a necessidade de “evocar os valores da liberdade e da coragem”. “Não é normal que um milhão e 700 mil cidadãos em Portugal não tenham acesso a um médico de família”, disse a eleita, reforçando ainda que “Lisboa é uma das cidades mais caras para se viver”. Na sua opinião, a democracia permite eleger e votar nos partidos em que se quer, e por isso, Patrícia Almeida aproveitou ainda para criticar todos aqueles que dizem “que o Chega é para ilegalizar”.


Revolução permitiu um poder local mais ativo

“Hoje em dia, defender ideias diferentes do politicamente correcto é considerado fascismo”, rematou a deputada, lembrando que, “50 anos depois, a igualdade entre homens e mulheres é ainda é frágil e que se assiste a uma relegação da mulher para o papel de dona de casa”. “As mulheres são as maiores vítimas de violência doméstica e do casamento infantil”, concluiu. Por outro lado, Sara Gonçalves, do PSD, começou por lembrar “que sempre viveu em democracia”, e que a família sempre “me ensinou os valores de Abril, mais necessários do que nunca”. Hoje em dia, sublinhou, “podemos estudar e ascender socialmente na vida”, algo que era impensável nos anos da ditadura.

Sara Gonçalves lembrou também “o papel fundamental das autarquias na nossa comunidade”, acrescentando que o 25 de Abril permitiu “um poder local ativo, dinâmico e responsável”. “O acesso à educação é para todos, mas será que há equidade nesse acesso?”, questionou a eleita, defendendo a necessidade de se “valorizar a escola pública” e melhorar o acesso aos cuidados de saúde, algo que se têm vindo a degradar, devido à falta de médicos e às longas filas de espera nos hospitais. “Não é assim que se garante o aumento da natalidade”, disse ainda a deputada municipal, alertando para uma “falta de consideração pelos profissionais de saúde, de justiça, de segurança, de educação”, entre outros.

“Temos um saldo migratório positivo, mas não estamos a conseguir receber em condições estes imigrantes”, disse a eleita, recordando que muitos destes imigrantes vivem em condições indignas. “O nosso objetivo comum deve ser tornar Portugal um país melhor para todos”, prosseguiu Sara Gonçalves, lembrando que, “é graças ao 25 de Abril que aqui estou e posso ter funções políticas”.

Garantir necessidades básicas

“Temos que continuar a lutar por Abril”, concluiu. Fátima Amaral, da CDU, recordou “o povo trabalhador que saiu à rua na defesa dos seus direitos” no dia 25 de Abril de 1974, e que acabou “com um país de latifúndios, onde existia uma mistura do poder político com o económico, e uma ausência de cuidados de saúde e de liberdade”. “Atualmente, temos que continuar a lutar por melhores salários, melhores pensões, um melhor SNS, e por mais habitação e educação”, disse a eleita, para quem “celebrar Abril é garantir salários e pensões dignas”. “É preciso ter presente que celebrar Abril é ter médico de família, escolas”, entre outros, reforçou Fátima Amaral. “Prosseguimos a nossa ação convictos de que o povo jamais será vencido”.

Já Tiago Abade, do PS, sublinhou a importância desta data “para sublinhar os nossos deveres, e para lembrar a nossa defesa pelos valores” de Abril. “Somos intransigentes na defesa do país”, considerou o eleito, lembrando que, nos últimos tempos, “surgiram novos desafios”, mas que “reafirmamos o nosso empenho em cumprir Abril”. “Honramos Abril quando aumentamos as pensões, apoiamos os empresários, quando o SNS atende todos, ou quando investimos em creches gratuitas”, exemplificou o deputado municipal, dando ainda como exemplo algumas políticas que têm sido realizadas pelo atual executivo da Câmara de Loures, liderado por Ricardo Leão, e que preveem investimentos nas áreas da Educação, Saúde ou Habitação.

Apostar no progresso

Por fim, o presidente da CML, Ricardo Leão, referiu que “os Capitães de Abril não surgiram só para fazer história, foram verdadeiros heróis, naquela madrugada tão esperada”. “A Revolução permitiu a liberdade política e religiosa”, disse o autarca, ressalvando, contudo, que “a democracia é um processo inacabado”. “São muitos os que cumprem os designíos de Abril aqui em Loures e que trabalham diariamente na defesa de melhores condições de vida”. Aqui, Ricardo Leão lembrou alguns investimentos estruturantes para o concelho, tais como “quatro novas unidades de saúde, em Santo Antão do Tojal, na Bobadela, em Camarate e no Catujal, mas também a requalificação das unidades existentes”.

Igualmente, o presidente da CML reforçou ainda a contratação de “mais 16 agentes para a Polícia Municipal”, bem como a “construção do futuro quartel da GNR em Bucelas”, ou a “aposta nos corpos de Bombeiros”, entre outras medidas. Já na Mobilidade, Leão lembrou também a construção da nova variante a Loures e da Linha Violeta do Metro, assim como o projeto para a criação de uma saída na A1 em São João da Talha. “Queremos ainda investir no Complexo Municipal e em novos pavilhões e coberturas nas escolas, um investimento de 18 milhões de euros”, reforçou. Por outro lado, a CML prevê ainda a criação de “melhores equipamentos educativos, uma aposta na melhoria do espaço público”, onde se inclui a criação do futuro Parque Papa Francisco.

“Queremos continuar a fazer de Loures um lugar de prosperidade e de paz”, concluiu Ricardo Leão. Por fim, a presidente da Assembleia Municipal de Loures, Susana Amador, começou por salientar que a homenagem aos antigos presidentes daquele organismo pretendeu “enaltecê-los”, graças à sua “entrega e dedicação à causa pública. Abril está sempre presente nesta sala”.

É tempo de fazer mais, considera Susana Amador

“Há 50 anos, os portugueses não quiseram esperar mais. Abril libertou-os do fascismo e trouxe a democracia. O 25 de Abril permitiu um país diferente, as mulheres já têm igualdade de oportunidades, mais liberdades e garantias”. “O pior que pode acontecer ao sistema democrático é acabar”, notou a autarca, salientando a importância da participação cívica. No entanto, reconheceu, “importa o que está para vir e temos, neste momento, grandes desafios para enfrentar, tais como as desigualdades, o salário digno, ou os conflitos que existem em todo o mundo”. “Viver em democracia não tem preço”, prosseguiu Susana Amador, destacando que “a democracia local” é fundamental “para manter vivo o espírito de abril”.

A presidente da AML lembrou ainda os investimentos em curso no concelho, de onde se destacam a construção de novos fogos habitacionais e a legalização das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI). “São tempos de fazer mais e precisamos de todos. Abril fez-se contra a resistência e o conformismo. Queremos igualdade para todos!”, concluiu a autarca. Esta cerimónia contou ainda com a exibição de um vídeo sobre os 50 anos da Revolução dos Cravos e ainda um pequeno beberete.

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