MORADORES DO BAIRRO DO CONDADO LEVAM REIVINDICAÇÕES À CÂMARA MUNICIPAL

Cerca de uma dezena de moradores do Bairro do Condado, situado na freguesia de Marvila, deslocou-se, na manhã desta quarta-feira, 6 de dezembro, aos Paços do Concelho, a fim de dar a conhecer, ao executivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML), algumas reivindicações, nomeadamente, melhores condições nas habitações municipais e de acesso a cuidados de saúde.

O grupo de moradores, residente no Bairro do Condado, freguesia de Marvila, foi recebido, na manhã desta quarta-feira, 6 de dezembro, por Pedro Vieira, assessor da vereadora com o pelouro da Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara de Lisboa, Filipa Roseta. Ao coletivo, o responsável garantiu que a autarquia está atenta às condições precárias que existem em alguns bairros municipais. Por isso, salienta que a CML vai destinar “o maior orçamento de sempre” para a requalificação dos edíficios municipais.

Recorde-se que a autarquia lançou, em junho deste ano, o programa ‘Morar Melhor‘. Este prevê a requalificação em 11 bairros municipais, representando um investimento de 85 milhões de euros. Até ao momento, já foram lançadas as obras nos bairros do Rêgo, da Boavista, Padre Cruz, e dos Alfinetes. O Bairro do Condado é um destes 11 bairros contemplados pelo programa ‘Morar Melhor’ e a sua requalificação deverá arrancar em 2024.

Falta de Médicos de Família e de transportes em Marvila são outras das reivindicações

“A área da Habitação é uma das grandes prioridades do atual executivo”, disse ainda Pedro Vieira aos moradores do Condado. Ao mesmo tempo, reforçou que a freguesia de Marvila “será das freguesias que terá mais intervenções nas habitações municipais”. No total, existem, na cidade de Lisboa, cerca de 23 mil casas municipais, avançou o assessor. Algumas das reivindicações que estes habitantes levaram ao conhecimento da CML são, por exemplo, o facto de alguns elevadores não funcionarem. Desta forma, pessoas de idade avançada são obrigadas a subir vários lances de escadas para chegar a casa, isto em edíficios com mais de 10 andares.

Ao mesmo tempo, os moradores chamaram ainda a atenção para a existência de infiltrações, queda de reboco dos prédios, aumento das rendas de habitação social, entre outras. Contudo, o coletivo também fez chegar algumas queixas na áreas da Saúde e Mobilidade. Neste sentido, os moradores continuam a queixarem-se da falta de médicos na Unidade de Saúde de Marvila (USM), inaugurada em janeiro deste ano. Segundo uma missiva entregue pela porta-voz do grupo, Sara Canavezes, existem ainda “14 mil utentes de saúde sem médico de família e utentes que têm de ir de madrugada para serem atendidos” na USM.

Por outro lado, estes moradores queixam-se ainda da falta de transportes em certas zonas da freguesia, nomeadmente no Bairro do Vale Fundão e Quinta do Chalé. “Chegamos ao fim de semana e feriados sem qualquer acesso ao comboio”, pode ler-se na mesma carta, que pede também uma “reavaliação” das rotas e horários de algumas carreiras da Carris. Ao Olhares de Lisboa, a responsável conta que esta iniciativa surge na sequência de muitas outras que a Comissão de Moradores têm vindo a realizar na freguesia.

Moradores lamentam falta de respostas por parte da Gebalis

“Decidimos vir até à Câmara Municipal, porque muitas destas questões são da responsabilidade do presidente e da autarquia”, explicou Sara Canavezes. A responsável lembra ainda que muitas destas questões já foram expostas à Gebalis. Porém, ressalva ainda que não houve, até ao momento, uma resposta por parte da empresa que gere a habitação municipal em Lisboa. “Estamos a alertar a CML para esta necessidade de resolução. Gostávamos que o senhor presidente nos tivesse recebido, porque achamos que estes problemas são graves, e mereciam, de facto, um outro cuidado”, lamentou a porta-voz.

Por sua vez, contactada pelo Olhares de Lisboa, a Gebalis garante estar ocorrente destas questões e assegura que este bairro irá receber, em breve, várias intervenções, no âmbito do ‘Morar Melhor’. Nos Paços do Concelho, o grupo de moradores teve ainda a oportunidade de partilhar estas reivindicações com o vereador Rui Tavares (Livre), também deputado à Assembleia da República.


De seguida, apresentou a missiva ao vereador João Ferreira (PCP). “Nós conhecemos a situação, estivémos a semana passada no Bairro do Condado”, recordou o autarca, garantindo que o executivo municipal está a par da situação em Marvila. “As várias forças políticas conhecem a situação”, prosseguiu o vereador comunista. O mesmo disse ainda que o orçamento municipal para 2024, aprovado na semana passada, “prevê uma verba para a requalificação dos bairros municipais. No nosso ponto de vista, é insuficiente”.

Seis milhões para intervir no Bairro do Condado até 2026

“O que está previsto, para 2024, é uma verba de um milhão e 400 mil euros para a intervenção em 18 lotes no Bairro do Condado”, disse João Ferreira, lembrando que, até 2026, a CML prevê investir até seis milhões naquele bairro. “Isto dificilmente resolverá os problemas que vocês aqui trazem”, sublinhou o vereador comunista. O autarca disse ainda que tem vindo a chamar a atenção do executivo liderado por Carlos Moedas para estes problemas. “No entender do executivo, é possível, com poucos recursos, fazer as obras que são necessárias”, criticou João Ferreira.

“Nas várias visitas que fiz o Bairro do Condado, vi que há casas onde chove lá dentro”, sustentou, acrescentando que existem, neste bairro, prédios onde “não há obras há 40 anos”. “Para o Condado, estão destinados um milhão e 400 mil euros, mas a autarquia prevê 74 milhões em devolução de IRS”, reprovou o vereador do PCP. Por fim, João Ferreira considera que “quem vai receber este valor não são os moradores do Bairro do Condado, mas sim os mais ricos”.

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