LISBOA VAI RECEBER UM CENTRO INTERPRETATIVO DO 25 DE ABRIL EM 2026

Foi assinado, na última sexta-feira, 12 de janeiro, o protocolo para a criação do Centro Interpretativo do 25 de Abril. O acordo foi formalizado entre o Estado, a Câmara Municipal de Lisboa, a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e a Associação 25 de Abril.

O Estado, a Câmara Municipal de Lisboa (CML), a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e a Associação 25 de Abril assinaram, na última sexta-feira, 12 de janeiro, o acordo para a criação de um Centro Interpretativo do 25 de Abril no Terreiro do Paço. Este espaço deverá abrir portas em 2026 e pretende perpetuar a memória da Revolução dos Cravos. O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, começou por lembrar que, a “25 de Abril de 1974, Portugal e o mundo foram surpreendidos por um ato libertador”.

“Os militares foram protagonistas de um fenómeno único, que continua a ser objeto de estudo” em todo o mundo, prosseguiu o coronel. Vasco Lourenço lembrou também que a revolução permitiu alcançar “a paz, a democracia e a liberdade”. O elevado interesse com os acontecimentos do 25 de Abril de 1974 levou que, em 2023, o site da Associação 25 de Abril recebesse mais de “sete milhões de visitas”. Desde 2019, ano de criação do site, o mesmo recebeu mais de 22 milhões de visitas. Sobre o futuro Centro Interpretativo, Vasco Lourenço considerou que este será, no futuro, “um dos locais mais visitados em Lisboa e em Portugal”.

Dar a conhecer a história

Igualmente, o espaço irá ainda trazer “uma narrativa” de quem participou e viveu a Revolução dos Cravos. Por fim, Vasco Lourenço agradeceu ainda ao Governo, por ter criado “as condições necessárias” à criação do Centro Interpretativo. Ao mesmo tempo, agradeceu também à CML e à ATL, por se terem associado a esta iniciativa. “[Espero] que este centro consiga cumprir os seus objetivos de elucidar as futuras gerações sobre o fenómeno único que se viveu em Portugal entre 1974 e 1982”, concluiu o presidente da Associação 25 de Abril.

Por sua vez, o presidente da CML e também da ATL, Carlos Moedas, começou por recordar que a “liberdade não é mais do que uma oportunidade para sermos melhores. Hoje é o momento para recordarmos precisamente isso. Quando se vive em ditadura, torna-se uma miragem poder fazer diferente”. “Hoje é um dia que assinala a essência desta liberdade que temos e que conquistámos a 25 de Abril de 1974”, prosseguiu. No mesmo sentido, o autarca lisboeta lembrou que foi na capital do país, mais concretamente no Terreiro do Paço, onde se sentiu “o calor da liberdade”. Sobre o centro, Moedas disse que este será “um exercício da memória”, e resulta de um trabalho conjunto entre o Governo, a ATL, a CML e a Associação 25 de Abril.

Centro é gerido pela Associação de Turismo de Lisboa

“Tenho que agradecer a todos aqueles que tornaram isto possível, que nos permitiram estar aqui hoje a assinar este memorando”, disse ainda o presidente da CML. Segundo Moedas, este espaço irá ter exposta “a liberdade que os portugueses conquistaram” no 25 de Abril, data que foi “fundadora da democracia”. Ainda para o autarca, esta revolução foi fundamental para “criar uma democracia moderna”. Ou seja, a partir daqui, “todos os portugueses” passaram a ser “donos do seu destino”. Contudo, o futuro Centro Interpretativo do 25 de Abril também irá permitir aproximar os jovens desta data histórica.

“Os nossos jovens olham para o 25 de Abril como algo muito distante. É preciso fazer algo, é preciso repetir a história”, sustentou. Este Centro Interpretativo será gerido pela ATL. Esta entidade ficará responsável pela realização das obras e ações necessárias para a instalação do centro. Também terá como responsabilidades garantir o seu funcionamento e abertura ao público. De igual modo, irá ainda divulgar o Centro Interpretativo na oferta turística e cultural de Lisboa.

Por sua vez, a Associação 25 de Abril, em conjunto com a ATL, irá garantir a programação anual do Centro Interpretativo. O objetivo será afirmar o espaço e aproximá-lo dos cidadãos, dando-lhes a conhecer a importância do 25 de Abril. Por outro lado, haverá ainda projetos educativos e pedagógicos a partir do acervo histórico.


Local simbólico

A assinatura do protocolo contou ainda com a presença do primeiro-ministro, António Costa. Na sua visão, o “25 de Abril não é uma data qualquer”. Sobre o Centro Interpretativo, considera que ele “não podia ter outro lugar mais simbólico” do que o Terreiro do Paço, ou seja, o “local de toda a operação militar”. “O certo é que, aqui no Terreiro do Paço, viveu-se talvez o momento de maior tensão e mais decisivo para o triunfo de uma revolução”. Aqui, acrescentou, não houve “derramamento de sangue”.

Por outro lado, “as G3 deixaram de ser utilizadas para a hipótese de serem disparadas balas, mas para poderem simplesmente acolher no seu cano os cravos vermelhos que se tornaram o símbolo da revolução”, lembrou o primeiro-ministro. “Não se trata de fazer aqui o museu do 25 de Abril, nem o museu da democracia. Trata-se de um Centro Interpretativo do 25 de Abril”, realçou. Na visão do primeiro-ministro, este espaço vai mostrar o significado desta data e o que trouxe para o país.

Ministério da Administração Interna passa para as instalações do Ministério da Agricultura

No entanto, e ao contrário de outras datas históricas, “temos a felicidade de celebrar os 50 anos” da revolução “com a memória vivida” e com alguns dos protagonistas da revolução. O Centro Interpretativo irá ficar nas instalações do Ministério da Administração Interna (MAI), adiantou António Costa. Por sua vez, o MAI irá passar para as atuais instalações do Ministério da Agricultura. Assim, este sairá do Terreiro do Paço e irá instalar-se no Campo Pequeno, mais concretamente no edifício onde está atualmente instalada a sede da Caixa Geral de Depósitos.

Por fim, Costa agradeceu ainda à Comissária Executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, bem como ao Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva. Igualmente, estendeu ainda os agradecimentos ao Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. “Desde a primeira hora, não teve a menor dúvida e hesitação em disponibilizar as instalações do MAI para que aqui fosse instalado o centro”, explicou Costa.

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