À ESPERA DA NOVA SEDE – CHINQUILHO CRUZEIRENSE AGUARDA POR MELHORES DIAS

O Clube Sport Chinquilho Cruzeirense, fundado em 20 de fevereiro de 1928, que chegou a ser arrasado por um ciclone e que esteve várias décadas num prédio em ruina, vai ter, dentro de nove meses, novas instalações. Apesar de todas as “intempéries” porque passou, o clube mantém o espírito dos trabalhadores que o fizeram e, também, daqueles que o vão vivendo há décadas, independentemente das crises.

Clube à antiga que continua sediado na Rua do Sítio do Casalinho da Ajuda, em Lisboa, o Clube Sport Chinquilho Cruzeirense que, a 20 de fevereiro, comemorou o seu 93º aniversário, aguarda ansiosamente pela conclusão das obras de reconstrução da sua sede, previstas para daqui a 9 meses e que estão a cargo da Câmara Municipal de Lisboa, que delegou na Junta de Freguesia da Ajuda.

Fechado desde 16 de março de 2020, com o inicio da pandemia, o clube prevê retomar as suas atividades, nomeadamente as do bar e do pavilhão, ainda este ano, revelam Carlos Poeira e José Brito, membros da comissão de gestão, eleitos pelos sócios da instituição para administrarem este clube do bairro do Casalinho da Ajuda – com vista para a Tapada da Ajuda, mas também para o polo universitário de Lisboa, em Monsanto – que cresceu com os trabalhadores que vinham para as fábricas da capital e lá se foram instalando.

Entre os trabalhos na horta, lá iam jogando à malha, como diversão, que dividiam com a frequência das tabernas. É, a partir daí, que um grupo de amigos, moradores no sítio, compraram um barracão, com uma vedação, para criarem, até 1941, a sede do clube.

Nesse ano, o país, e também Lisboa, foram varridos por um forte ciclone. O Chinquilho Cruzeirense não escapou ao fenómeno, que «arrancou tudo»: o barracão e a vedação. Perante esta “catástrofe”, os sócios alugaram uma garagem, que «era positivamente uma cocheira».

E, “contraventos e marés”, os sócios colocaram as primeiras “pedras do crescimento” que, com o passar dos anos, se foram deteriorando. Chegando ao ponto de o edifício estar em risco de desabamento, obrigando à intervenção da Câmara Municipal de Lisboa que, por seu turno, delegou na Junta de Freguesia da Ajuda que tenciona terminar as obras no prazo de 9 meses, segundo revelam Carlos Poeiro e José Brito, que consideram que «foram os sócios que obrigaram o clube a crescer».

O nome do clube, claro, deve-se ao jogo da malha, cujos campeonatos foram jogados até meio do século passado, com organização da comissão de senhoras. Ao principio «era só uma sala» e os sócios «pagavam dois tostões para ir tomar banho ao clube». Foi aparecendo «malta com ideias», que começou «com uns petiscos» e uns «bailes». «As variedades chamaram pessoas. Os maiores do fado vieram aqui todos», como Amália já tinha ido lá cantar ainda no tempo da primeira sede.

Centro de Enfermagem Queijas

Ao longo dos anos, o clube foi mantendo as festas e arraiais populares, suspensos agora por causa da pandeia. Mas o desporto foi ganhando terreno, tendo passado pelo clube as mais variadas modalidades como a pesca, o ténis de mesa, o futsal ou o basquetebol feminino, que chegaram a ser campeãs ibéricas.

Este percurso foi feito «conforme havia dinheiro», com o terreno que foi sendo cedido pela câmara, alargando o espaço, por salas, até ao pavilhão. «Foi feito com o arregaçar das mangas. Fizemos festas para angariar dinheiro, tivemos a ajuda da junta da Ajuda», conta Carlos Poeiro.

A competição desportiva já lá vai. Mas a prática do desporto não. O Chinquilho Cruzeirense prevê retomar, assim que estiverem criadas as condições, as duas escolinhas para os mais novos: uma de futsal e outra de luta.

Maratona de futsal

Ainda no desporto, o Sport Chinquilho vai retomar, com o apoio da Junta de Freguesias da Ajuda, a organização da «maior maratona do país de futsal». O Torneio de Maratona de Futsal, que já vai na 15ª edição, é uma competição que envolve 16 equipas da grande Lisboa, que estão 24 horas seguidas a jogar.

«A maratona vale sempre a pena, mesmo que às vezes se trabalhe para aquecer», referem, lembrando que, há uns anos, o polidesportivo Eduardo Bairrada estava «cheio de gente».

Abertos a todas as atividades desportivas, a atual comissão de gestão do clube prevê retomar todas as atividades que foram suspensas por causa da pandemia e das obras, nomeadamente a manutenção da forma física para os mais velhos, através de aulas de aeróbica.

Apesar do associativos em Portugal «estar em decadência», conforme referem, o Sport Chinquilho Cruzeirense conta, atualmente, com perto de um milhar de associados, entre os quais três centenas de mulheres, que pagam 1 euro/mês de quotas.

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Apesar de ter nascido na rua do Cruzeiro, e ter jogado no Imperio do Cruzeiro, não posso esquecer que foi nesta coletividade que conheci a mulher com quem mais viria a casar, e que me faz companhia à quase 50 anos num dos bailes deste clube
    .Conheço muitos amigos da minha geração que eram do Chinquilho e que os deixei de ver porque vim morar para Queijas.
    Como também o meu padrinho de batismo fazia parte de um grupo de teatro deste clube.
    . Recordo-me também de ir com a minha mãe e com o meu padrinho a um baile, e um dos conjuntos tinha alguns elementos que moravam em frente ao Armadorense, e que me convidavam para ir lá cantar uma musica, eles chamavam-me o Marina

  2. Relativamente ao comentário do António Silva, achei-o muito curioso pelo simples facto da coincidência que existe por termos frequentado os mesmos bailes nessa distante época, e termos ambos iniciado idêntico relacionamento que também culminou no casamento, e o qual também se mantém há precisamente 50 anos, que se completam no próximo domingo dia 12 do corrente mês de Dezembro. Contrariamente à minha falta de lembrança em relação às actuações no tal conjunto dos que eram moradores junto do “Armadorense”, a minha mulher recorda-se perfeitamente dessas actuações e do respectivo intérprete a quem chamavam de “Marina” possivelmente devido ao título de uma canção muito cantada nessa altura.

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