LISBOA JÁ TEM 10 SENSORES PARA PREVENIR INUNDAÇÕES

Sensores transmitem informação em tempo real

Alcântara é uma das zonas da cidade mais sensível e afetada por fenómenos de chuvas intensa e, por isso, foi instalado na segunda-feira, 13 de março, o décimo sensor que permite prevenir inundações em Lisboa. Este projeto-piloto, da Helioptics, já conta com outros nove sensores espalhados por toda a cidade.

O décimo sensor para monitorizar e detetar, em tempo real, os fenómenos climáticos que podem levar a inundações já está em funcionamento em Alcântara e em vários túneis da cidade e num caudal, colocado no coletor da Rua da Palma.

Para além de Alcântara, o sistema já pode ser encontrado no Martim Moniz, na Avenida Almirante Reis, e nos túneis da Av. João XXI, Entrecampos, Campo Pequeno, Campo Grande e junto ao antigo Batista Russo, em Marvila.

Estes sensores pretendem resolver “o problema das inundações em Lisboa”, conforme considerou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas. Por outro lado, referiu que o sistema junta-se aos dois túneis de drenagem que estão, atualmente, em construção, no âmbito do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL).

“Precisamos de ter prevenção. E para ter prevenção precisamos de tecnologia”, referiu o edil lisboeta. Os 10 sensores foram desenvolvidos pela start-up portuguesa Helioptics. No total, o sistema custou cerca de cinco mil euros, valor este que o presidente da CML considera residual.

Sensores transmitem informação em tempo real

“Se bem se lembram, naquela noite, o que aconteceu foi que de repente, os túneis encheram de água”, recordou o presidente da Câmara de Lisboa, referindo-se às cheias de dezembro. Por isso, e graças a este sistema de sensores, “vamos ter essa informação em tempo real”.

Ou seja, se algum túnel começar a encher, os bombeiros e a Polícia Municipal recebem uma informação em tempo real. Desta forma, conseguem encerrar o túnel, “muito antes das pessoas saberem que a água está a aumentar”.

Segundo o autarca, também vão ser instalados sensores nas ruas e em condutas de drenagem de água. “Vamos conseguir correlacionar o nível do caudal da drenagem nas condutas com a ocorrência de inundações. Desta forma conseguimos desenvolver uma capacidade preditiva”, explicou, por seu turno, o responsável da Helioptics, Tiago Marques.


Cada sensor é composto por um mecanismo que deteta a presença de água. Ao mesmo tempo, o circuito é fechado e o sistema emite uma mensagem. Ou seja, os aparelhos estão ligados através da rede LoRa, uma tecnologia que não precisa de wi-fi, nem cobertura 4G. Os sensores são autónomos e a sua bateria pode durar até cinco anos sem precisar de manutenção.

Esta tecnologia, adiantou o responsável, está agora a ser implementada em Portugal, mas já existe em países como por exemplo o Japão, baseando-se num sistema de comunicações em longa distância. “Estamos empenhados em ajudar a combater as alterações climáticas”, finalizou o responsável da Helioptics.

Expandidos a outros locais da cidade

Os locais de colocação dos sensores foram escolhidos por serem as zonas mais críticas da cidade. A autarquia espera alargar o sistema a outros pontos de Lisboa. Este projeto piloto, adianta o presidente da CML, vai ajudar “a tranquilizar os lisboetas”, quando voltar a haver cheias na cidade. “Todos nós sabemos que vai acontecer, uma vez que as obras dos túneis de drenagem ainda vão demorar”.

Mas, graças aos sensores vai-se conseguir transmitir a informação muito mais depressa e as autoridades poderão atuar de uma forma “mais rápida e eficaz do que na última vez”, afiança Carlos Moedas.

Para além das entidades competentes, que por sua vez transmitem a informação às juntas de freguesia e à população, também o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Ângelo Pereira, e a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, receberão a informação em tempo real. Desta forma, é possível “enviar de imediato” as equipas de proteção civil para o terreno. Estas equipas, recorde-se, estão todas reunidas numa sala de operações, o que também ajuda a agilizar o processo.

Trabalhar com o LNEC para reabilitar condutas

O sistema, considera o autarca, “é uma inovação para Lisboa” e vai permitir transformar a capital numa “cidade inteligente”, sendo que estes sensores são apenas um complemento. Para o autarca, “a solução virá dos túneis de drenagem”, que devem ficar concluídos em 2025. Mas, os sensores vão continuar na cidade após a construção dos dois túneis, com cinco metros de diâmetro cada um.

“Um dos problemas grandes de Lisboa tem é que, muitas vezes, quando chove, a água pluvial mistura-se com a água do saneamento básico, entupindo as condutas”, explicou Moedas. Por sua vez, a autarquia está a trabalhar com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para limpar e reabilitar todas as condutas de água da cidade. Após esta limpeza, será possível verificar “onde é que estão os pontos de risco”.

Cerca de 64 famílias e 34 empresas já foram apoiados após a intempérie de dezembro passado

Em relação às cheias que atingiram a capital no passado mês de dezembro, o presidente da CML explicou que “já estão muitas famílias identificadas”. Ao mesmo tempo, a autarquia já recebeu 163 candidaturas. Contudo, e até ao momento, acrescentou Moedas, a autarquia já deu 64 apoios, num valor que ascende os 87 mil euros.

Por fim, em relação às empresas, a CML já recebeu 79 candidaturas. Daqui, já apoiou 34 empresários, com um valor total de 40 mil euros. “Temos orçamento para ajudar as pessoas que nos contactem, para que possamos dar essa ajuda que é tão importante, tanto para as pessoas como para as empresas”, sublinhou Carlos Moedas.

 

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